A liberdade de escolha inclui o direito de ser cuidado em retorno
Escolher a diversidade de conexões é uma afirmação de independência, onde a autonomia coexiste harmoniosamente com a responsabilidade de nutrir e cuidar das relações que escolhemos cultivar.
A não monogamia, sem dúvida, apresenta desafios singulares, e reconheço que a sinceridade sobre essas dificuldades é crucial. Cada indivíduo decide se aventurar ou não nesse processo de reconfiguração relacional. Contudo, ao abordar essa questão, especialmente para pessoas negras e corpos marginalizados, a escolha entre configurações torna-se complexa, pois ambas se revelam desafiadoras.
Evito justificar a superioridade ou inferioridade da monogamia, pois compreendo a não monogamia como algo que vai além dos relacionamentos específicos com indivíduos. Estou compartilhando minha experiência de forma aberta, e espero que você também mantenha seu coração aberto, pois não busco converter ninguém, mas sim incentivar a autonomia.
Este é o primeiro tema que desejo abordar nesse aprendizado.
Lembram de como eu sempre enfatizei a importância de uma "salvadora" se colocar em uma posição em que também pudesse receber cuidado?
Estou percebendo isso nesse modelo.
Como mulheres, fomos condicionadas a acreditar que o cuidado e o servir deveriam emanar primariamente de nós, especialmente se somos negras. Mas, essa perspectiva se transforma quando reconhecemos nossa capacidade de olhar para o exterior e sermos uma parte que pode se virar tão bem quanto ajudar os outros.
Entendi que pedir ajuda, construir uma rede de apoio além da concepção convencional de "casal", valorizar amizades e retirar a família do centro me permitiu perceber minha humanidade. E foi assim que descobri que a pessoa que sou vai além das expectativas pré-estabelecidas, ao abraçar a pluralidade de conexões e cuidados.
Compreenda, portanto, que vai além do âmbito romântico. É a percepção de que ao fazer escolhas conscientes, ao decidir por si mesma, você também concede a permissão necessária para ser cuidado.