É fácil olhar para minha imagem e acreditar que eu sei exatamente o que falar, quando falar. Na verdade, isso são anos de prática, mas, a realidade é que eu sou bem insegura.
Aprendi a me movimentar para além dela, a acolho, como se eu soubesse que ela estaria ali para me lembrar da garota de 15 anos que não era bem aceita na escola, só que hoje penso que quando ela me recorda sobre esse passado e suas sensações, também me mostra a mulher que eu sou com quase 30 anos e um tanto de experiências.
Mas, é aquilo, ainda uma sombra bem desconfortável, que me faz acreditar que meu trabalho não é suficiente, que me faz questionar se eu ainda devo continuar oferecendo o que eu oferece, me lembrando das minhas oscilações, e das coisas que não dei conta.
Eu sou insegura.
Não sei exatamente se algum dia isso vai passar. Mas, agora, é como eu me sinto. Questionando tudo e pensando na possibilidade de voltar a atrás, e ter uma vida normal, onde eu ficaria presa num escritório e não seria reconhecida.
E é por isso que talvez eu exista, talvez seja por isso que A Bruxa Preta exista, para mostrar esse lado onde a vida nem sempre é perfeita, onde quem facilita o caminho, nem sempre sabe qual é a rota.
E agora eu só me vejo ansiosa demais para esperar pelo tempo das coisas. Bom, ao menos, o mês de janeiro tá terminando.
Dias de lutas não fazem bem para minha pele.